segunda-feira, 20 de agosto de 2007

como é bom

é sempre bom quando sinto tua cabeça sobre minhas costelas
e te deixo, com cumplicidade,
escutar os barulhinhos borbulhantes vindos de meu suco gástrico
enquanto fico a dedilhar teus cabelos, sedando-te com afagos.

como é bom ter nossos corpos coesos,
sendo levados pelo ninar de uma rede
estendida numa sublime varanda
e, entre os cheiros de salitre e poluição,
sorver o perfume sutil de relvas do jardim mais próximo,
trazido pela brisa de verão de um final de tarde.

como é bom enxergar na profundidade de teus olhos
o resplendor da loucura sempre quando percebes
as delícias da aventura pela liberdade.

como é bom contemplar teu semblante
vertido na limpidez da maturidade
ao desmanchar em miuçalhasa solidez da covardia
e, num átimo, prender nos dentes
a coragem que precisava para desbravar os perigos obsedantes.

como é bom escutar as canções sípidas
que vibram timidamente no silêncio da atmosfera
ao sair de tua boca,
lambusando teus lábios com as doçuras das melodias.

será sempre bom ser refém da saudade
dos momentos triunfantes que construímos
como deuses amadores.

(anafórico João P. Guedes)

Um comentário:

Anônimo disse...

Rei!

Que bonito!

Beijo,

Regi.