domingo, 12 de agosto de 2007

a jura

Chega a noite túrbida em névoas esbranquiçadas.

Arrepios sinistros percorrem sucessivamente
pelas irregularidades das costas,
enquanto me cerro aos sorvos.

Os baques do coração se turbinam
e o sangue passa a borbulhar-se;
Sinto o frio da morte
envolvendo meu testado franzido de susto
pelo risco da carona que tomo com a aflição;
Abraso um despretensioso cigarro.
Mais outro, mais outro.

Peno por alguns segundos
a minha saúde em maltratamento.
Por outros segundos defluídos,
corrijo a pena convertendo-a em prazer niilista
pelo consolo do veludo gasoso
e pelos galopes dos pensamentos desdobrantes.

Percebo maravilhosamente
que estou salvo pela cinética do cosmo,
mas uma salvação transitória, contestável,
porque salvação é promessa, pedido,
labuta jurada contra os infernos daqui, embaixo.

Nessa maneira de entender, agarro um pedido
e deixo risonhamente que a podridão
intrujona e devastadora
desmanche a minha forma estrutural
e me devolva,pouco-a-pouco,
ao princípio do que ainda não conheço,
embora suspeite, na fundura de minha observação,
a sua chegada, o nosso encontro irresistível e reticente...

(crotalo)

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