sábado, 8 de outubro de 2011

habito-me

Na direção contrária ou favorável sei que vou andar
Por onde vou, faço de mim o meu verdadeiro lugar

A imensidão de cada passo se revela bem depois
Sem afastar o lado bom que se apontou no coração

E na bagagem um volume bruto de afirmações
Mesmo sabendo a recaída ser possível de chegar
Mais cedo ou tarde, ruindo ilusões, virando a mesa, e a recobrar
Coragem para não ter medo de errar

E o que sobrar do turbilhão voraz que arrasta o que é fugaz
Sou eu de novo, consolidado com o desejo de passar
Descalço e nu, realizado e feito como comecei
Certo de que em meu umbigo não habita nenhum um rei

Na direção por onde vou, sou eu de novo
Levando aceso o meu coração
Consolidando a coragem de passar do turbilhão
E habitar o meu lugar na imensidão.

[j. guedes]

17 comentários:

joao p. guedes disse...

Dedico esta canção ao fantástico movimento mineiro Clube da Esquina.

F.G. disse...

velho johnny loko, achei muito bacana esse poema!

Anônimo disse...

Olá J. Guedes. Me indicaram o link desse poema. Sem querer desmerecer a sua poética, só tenho uma pequena crítica a fazer. Quando voce^ diz "Coragem para não ter medo", achei que nessa parte tem muita palavra que não sai do lugar. Enfim, achei redundante, entendeu? Mas, o poema como um todo ficou muito bonito, traz uma mensagem válida, num estilo muito elegante. É isso.

joao p. guedes disse...

Olá! (quem é?) Achei válido e sagaz o seu comentário. Obrigado.

Bem, empreguei o expletivo "coragem para não ter medo" no intuito de conferir mais ênfase, mais força à expressão, além de assegurar o ritmo do verso.

Att.,

j.

Vá se Fudê, Sacana! disse...

Coisa de pobre!

Anônimo disse...

Parabéns!

Lara Amaral disse...

Oi! Que linda poesia! Os versos nos trazem para dentro de nós, como se realmente nos habitássemos para extrair do íntimo a coragem e desenvolvê-la... e algo mais que não sei ao certo explicar...

E quando aparecerá em BSB? ;*

joao p. guedes disse...

Lara, seja bem-vinda.

Luiza disse...

Meu bom!

Anônimo disse...

Jonny, vc deveria investir sua vida na música!! Estamos esperando por vc! Ande logo, deixe de ser enrolado, rapaz!!

Katia Spagnol disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ludmilla Mattos Pinheiro de Souza disse...

em tudo que leio sempre gosto de ver amor no meio...rsrs. então se for amor...
Seria como alguém que já sofreu, e tem medo de amar, mas continua seguindo e sentindo os novos momentos, os quais depois descobre ter de alguma forma significados maiores dos quais pensava ter...
um querer acertar, uma fé e entrega, "nu" livre do passado e entrando em um amor novo, mergulhando independente do que poderá lhe causar em dor, e com o coração aceso, decide viver esse amor inundar-se com a luz que ele lhe proporciona, e com a música que ele lhe trás...

beijos joão, te amo.

Autora: ludmilla mattos

joao p. guedes disse...

Srtª. KaSpag, suas impressões me agradam. Quanto à citação, penso que, talvez, a pele seja a superfície, a primeira fronteira de algo que se aprofunda dentro do ser.
(nhac!)

Ka Spag disse...

(boob)

O aparente paradoxo da epígrafe do poeta Paul Valéry, onde o profundo é situado justamente no mais superficial, subverte um hábito coloquial de situar tudo que é importante na profundidade denominando de superficial o tolo, o desprezível. Hábito este que desprestigia a superfície, a epiderme, a imagem, a forma, lançando tudo que é digno para o profundo, o conteúdo, o fundamento.
Onde começou o desprestigio daquilo que cobre ou recobre em detrimento daquilo que está invisível e guardado? Mitos que ainda nos povoam?
Talvez ao meditar sobre este paradoxo descubramos a importância de uma analise superficial, epidérmica, e inicie-se um novo momento para a reflexão.
>>
...é preciso conseguir dobrar a linha, para constituir uma zona vivível onde seja possível alojar-se, enfrentar, apoiar-se, respirar – em suma, pensar (Deleuze)

[mãozinha]

:P

joao disse...

Ka Spag,

A sezão da inferência deleuziana desata provocações filosóficas. Seguindo essa inclinação concernente ao paradoxo expendida em seu brilhante comentário, suponho que a pele continua sendo uma fronteira entre duas profundidades, intrínseca e extrínseca; percepção esta que nos compele a reacionar os sentidos diante da inesgotabilidade das manifestações carregadas de mistérios.

Eu lhe agradeço por contribuir com comentários tão enriquecedores!

joao p. guedes disse...

Certamente, Lulu. Há força do amor inerente nos versos, reciclando conjunturas, redimensionando subjetivações. Um beijo.

Amigas unidas disse...

melhor que eu não leia mais esses comentários...rsrs te amo.