sexta-feira, 16 de outubro de 2009

sobre a interculturalidade subjetiva


A presente dissertação é uma breve tentativa de desenvolver livremente sobre a interculturalidade subjetiva do autor que ora se empenha a discorrer, nas linhas em sequência, os fundamentos do tema em destaque. Inicialmente, convém abordar os elementos de extensão do tema proposto para, em seguida, traçar posicionamentos propriamente pessoais acerca das impressões que fundam o autor enquanto sujeito que partilha diferenças e signos comuns no plano cultural. Porém, cumpre ainda dizer nessa introdução que a dissertação a seguir foge à regra do método do discurso científico no sentido de faltar o rigor no tocante às referências das fontes bibliográficas, pelo fato de ser um texto elaborado livremente, valendo-se dos aspectos confluentes: o racional e o afetivo; e da reflexão baseada no senso particular do autor, embora impossível negar a intertextualidade das unidades conceptivas que compõem a dissertação.

O primeiro elemento de extensão a ser analisado concerne à subjetividade do autor, isto é à subjetividade do Eu, cuja noção ganha contorno ao se confrontar com o conceito de “o outro”, do diferente que, subsequentemente, nos remete ao problema da pluralidade de sujeitos. Há vários sujeitos porque há o outro, mesmo que esse outro tenha existência com a condição de um mundo possível, ou seja, de um mundo potencial existindo no mundo real, no mundo das sensações.

Nota-se que a simples possibilidade da diferença implica o reconhecimento daquilo que compõe a identidade do próprio Eu, de modo que a manifestação cultural consiste em uma via de expressão dessa identidade. A noção de sujeito, portanto, é resultado de uma inclinação codificadora da realidade, empregada pelos povos ocidentais para “batizar” as diferenças culturais existentes enquanto unidade de identificação de um povo.

O conceito de outro pode assumir um contorno coletivo, exprimindo a idéia generalizada de um povo, em contraste com a identidade cultural que corresponde à subjetividade, pois esta se manifesta mediante o aparato predominantemente idiossincrático, em razão da complexidade dos mecanismos de tensão e atração que ocorrem em razão do encontro entre diferentes culturas que afetam diretamente a pessoa portadora da própria subjetividade. O ser é invariavelmente cultural no sentido ontológico, mas, variável no sentido de como ele absorve e cria, com as próprias habilidades e limitações circunstanciais, as manifestações culturais em sua pluralidade no campo da experiência.

O sujeito, assim, é referido particularmente, em sua singularidade, dada a individualidade de perceber e refletir sobre o mundo, inclusive com potencialidade para questionar a cultura da qual faça parte ativamente.

Dos argumentos deslindados nas linhas acima, torna-se possível dessumir que a subjetividade dos indivíduos comunica-se com a moralidade. Mas, o padrão de moralidade sofre níveis de graduações a partir dos mesmos mecanismos de tensão e atração acima aludidos, os quais propiciam a anulação ou imposição de uma cultura pela outra ou a coadunação de uma cultura com outra.

A título de exemplo, na tentativa de ilustrar adequadamente a imposição de uma cultura pela outra, toma-se o histórico processo de expansão europeia, a partir do século XVI, o qual atingiu os povos extra-europeus por meio de uma sistemática de dominação e desencadeou o empobrecimento cultural dos povos afetados por conta da tensão entre a irrogação da cultura uniformizante e as reais diferenças de visão de mundo em conflito, representando uma violenta expugnação à diversidade cultural. No entanto, para a surpresa dos agentes impositores da cultura adventícia, houve um recôndito movimento de resistência dirigido pelo lema da libertação dos povos atingidos pela violência. Essa resistência configurou, em última análise, a permanência da tensão entre a cultura dominante e dominada, só que, desta vez, em direção da pluralidade cultural.

Visando a uma melhor precisão terminológica, seria cabível definir o resultado da imposição de uma cultura pela outra como transculturação. Daí, relevante o mecanismo de tensão ou repulsão entre as culturas em choque. Diferentemente, a interculturalidade consiste no processo de aproximação, de intercâmbio e incorporação de culturas distintas à matriz. Em termos concretos, a interculturalidade, em que pese as filtrações durante o processo de absorção e as devidas adaptações, é praticada largamente no aspecto gastronômico. Ou seja, o alimento está muito mais para objeto de prazer do que para objeto de poder. Talvez, essa argumentação viabilize entender a virtude de maior ocorrência e facilidade de adesão ao setor gastronômico entre as diferentes culturas.

Atualmente, a cultura casou-se com a indústria, dando aos rituais um real significado mercadológico. A propósito, esse é o sentido da globalização cultural: produzir e vender mercadorias que representem artigos de cultura. Em suma, a interculturalidade acontece facilmente nas lojas. Porém, de maneira geral, há um oficioso impedimento ao outro sujeito que faça parte de uma cultura distinta entrar nos limites fronteiriços daquela que apoderou de seus artigos de cultura. Ou seja, a interculturalidade tem mais fluidez com os artigos de cultura do que com os indivíduos, de modo a concluir que o chamado fenômeno da globalização é estritamente de caráter econômico, alijando o sentido de humanismo entre os povos.

No campo de minha subjetividade, a interculturalidade se processa calcada nas escolhas e nos interesses que atendam aos valores básicos de minha conduta, sem impor ao outro o que considero melhor, tampouco sujeitando-me a uma alienação cultural, mas, filtrando os traços culturais consentâneos aos princípios axiomáticos que me integram como sujeito pertencente a um povo.

Ao longo desse processo, insta sempre observar o princípio da ética e do respeito aos sujeitos que praticam e vivem culturas distintas, mas, que nem são piores nem melhores pelo fato de serem desiguais. Mas, a visão de mundo, seja pelo cientificismo, seja pela fé não significa em uma verdade absoluta. Enfim, estamos condicionados às nossas convicções.

Inevitavelmente, repetimos e criamos elementos de cultura para dar sentido à existência, pois, o ser humano, ao se questionar, esvazia-se das referências primárias e sente necessidade de sofisticar suas referências por tecnologias que perpassam pelo lúdico, arte, religião, política, mitologias, etc. e, pelo sortilégio da coerência resultante da criação circunstancial que explica o sentido de relação entre o eu e o mundo das sensações, transmite aos demais, pelos diversos meios semiológicos, o valor da diferença.

[j. guedes]

11 comentários:

Fah disse...

Humm...

joao disse...

"O outro que vive no outro": acho que essa fórmula traz a compreensão mútua e a complacência nas relações entre todos sujeitos, inclusive os de culturas diferentes, porque deixaria de buscar no outro apenas o próprio Ego.

Belzinha disse...

uau! visual novo do blog! achei que entrei errado. ficou lindo!

Spag disse...

O nosso espírito é feito de desordem, acrescido de um desejo de ordenar as coisas.

Paul Valéry

Anônimo disse...

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