Onde a água é só pedido
E a fé mais um castigo,
Como pedra carregada
P’ra cumprir obrigação,
Beira a morte assombrando
O gado, a terra, o roçado,
O menino achacado,
Filho daquele vaqueiro;
Em couro possuído,
Inteiramente escaveirado,
Salivando a enlutada,
Cuja passada leva vida,
Em troca da dor deixada:
Mais uma pedra pesada
No dorso pagão padecido
Que grunhe um choro abafado.
A lágrima transborda salgada
Dos olhos com perda sentida
E a dor empoça a latência
Da vida na terra escondida,
Medrando o botão de uma flor
Na cova daquela inocência:
Beldade que brota querida
À vida pela dor devolvida.
[j. guedes]
5 comentários:
roda da vida
vida que roda
rodada vida
rodaviva.
cara, vc pode fazer um videoclipe com esses versos! já musicou essa parada? irado demais! vlw!
Olá, Jo!
Realmente, a morte não é de todo ruim. A natureza sempre sabe o que faz com o que a compõe.
Beijão.
Olá, Climax,
O "videoclipe" foi justamente a fonte do poema. Mas, ele se passou intimamente, nas entranhas de meu pensamento. Eu o traduzi em versos.
Atenciosamente,
João P. Guedes.
Muito bom, Guedes. Continue "versemeando" belos versos.
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