quarta-feira, 21 de maio de 2008

flor da dor

Onde a água é só pedido
E a fé mais um castigo,
Como pedra carregada
P’ra cumprir obrigação,
Beira a morte assombrando
O gado, a terra, o roçado,
O menino achacado,
Filho daquele vaqueiro;
Em couro possuído,
Inteiramente escaveirado,
Salivando a enlutada,
Cuja passada leva vida,
Em troca da dor deixada:
Mais uma pedra pesada
No dorso pagão padecido
Que grunhe um choro abafado.

A lágrima transborda salgada
Dos olhos com perda sentida
E a dor empoça a latência
Da vida na terra escondida,
Medrando o botão de uma flor
Na cova daquela inocência:
Beldade que brota querida
À vida pela dor devolvida.
[j. guedes]

5 comentários:

Anônimo disse...

roda da vida
vida que roda
rodada vida
rodaviva.

Anônimo disse...

cara, vc pode fazer um videoclipe com esses versos! já musicou essa parada? irado demais! vlw!

Anônimo disse...

Olá, Jo!

Realmente, a morte não é de todo ruim. A natureza sempre sabe o que faz com o que a compõe.

Beijão.

joao p. guedes disse...

Olá, Climax,

O "videoclipe" foi justamente a fonte do poema. Mas, ele se passou intimamente, nas entranhas de meu pensamento. Eu o traduzi em versos.

Atenciosamente,
João P. Guedes.

Anônimo disse...

Muito bom, Guedes. Continue "versemeando" belos versos.