Cavou dentro de si a densa camada de convenções sutilmente impingidas pelos valores culturais, os quais já estavam montados e determinados pelas gerações antecedentes. Foi, de súbito mesmo, que lhe assaltou tal necessidade de arremeter-se pela vereda introspectiva, em busca do significado mais puro da verdade. Como critério axial, elegeu o parâmetro racional niilista e permitiu-se ao mergulho meditativo. Sentiu que, à medida que se aprofundava no abismo aberto pela força de seu ceticismo, visitava noções que agora ganhavam a tônica de preconceitos convulsivos, desfalecidos; enfim, de adereços inúteis. Percebia, com esse exercício, a vulnerabilidade dos signos morais diante de uma estranha e fluente maneira de poder entender tudo. O conjunto de crenças e fórmulas convencionadas adquiria gradualmente um jaez de nulidade, cedendo um âmbito lacunoso com potencial para sorver nódulos conceptivos. Aquela visão resultante da desconstrução redimensionava as raias de sua própria fé. A decorrência subseqüente ao empenho soliturno lhe foi servida de uma conclusão audaciosa: a verdade é imaginária.
[j. guedes]
[j. guedes]